quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ACESSIBILIDADES E INTEGRAÇÃO

ACESSIBILIDADES E INTEGRAÇÃO

Quando falamos de acessibilidades, normalmente falamos de barreiras físicas:
- Inexistência de rampas;
- Inacessibilidades a pisos superiores;
- Inexistência de elevadores, etc. ;

Falamos de aspectos muito importantes que têm a ver com a qualidade vida no dia-a-dia das pessoas.

Aspectos importantes porque determinam essa mesma qualidade de vida que é descurada e só é lembrada nos dias assinalados.

Quantos espaços públicos estão acessíveis á população em geral e ao deficiente em particular?

Podemos olhar o espaço que nos rodeia neste momento e tirar as devidas ilações!

Outro aspecto de grande importância tem a ver com a outra dimensão da acessibilidade: o acesso do deficiente ao currículo.

A lei prevê todas estas situações, o problema persiste na aplicação da lei, sendo que o estado é o maior prevaricador.

O currículo pode ser adequado aos interesses de cada um dos alunos através da elaboração de propostas consubstanciadas nas incapacidades dos mesmos.

Requer-se para tanto um sistema de avaliação proporcionado por equipas multidisciplinares em que entrem, para além dos educadores, os sistemas de saúde pública e os serviços de psicologia.

É natural no nosso país que os vários sistemas não partilhem saberes, fazendo cada um o seu trabalho particular, não o partilhando com os outros, que deveriam ser parceiros, acometendo, normalmente, ao sistema educativo mendigar perante os outros serviços, a colaboração necessária e pertinente, como se um especial favor se tratasse, talvez fruto da ideia que estamos perante um acto caritativo e não de um trabalho sério e honesto e obrigatório, exigindo-se de todas as estruturas de índole social uma resposta obrigatória e não condescendente, como se da prestação de um favor se tratasse.

Assim a escola vê-se a braços com tarefas sobre-humanas, às quais tenta dar respostas que muitas vezes não são as mais adequadas, não podendo por isso ser a única culpada do insucesso da integração dos vários alunos que recebe ao longo da vida.

Um dos graves problemas com que a escola se debate tem a ver com a organização do currículo.

A escola tem de promover um conjunto de disciplinas para as quais não tem o “Know-how” necessário e quando o tem descura-o pela imensa burocracia que acarreta por em prática a inovação científica.

Falo de áreas curriculares que têm a ver com o Braille, com a língua gestual, por exemplo, mas também com outras áreas que seriam úteis para o desempenho profissional de muitos dos nossos alunos, que por via do desinteresse pela vida escolar de “carteira e lápis”, abandonam precocemente a escola sem terem feito aquisições que permitam um bom desempenho na vida activa.

Áreas curriculares que têm a ver com a inserção na vida activa: tornar os alunos consumidores e produtores, inserindo-os na sociedade (como a marcenaria, serralharia, por exemplo).

Há que louvar os esforços que são feitos pelas escolas no sentido de favorecerem o desenvolvimento pleno dos seus alunos, tarefa que não é fácil pela escassez de meios à sua disposição.

Assim quando falamos de acessibilidade falamos do acesso a todas as componentes sociais que a palavra encerra.

Acessibilidade significa, portanto, aceder a todas as ofertas que a sociedade disponibiliza para o incremento da qualidade de vida dos cidadãos em geral: aos espaços públicos, educação, cultura, bem como aos bens de consumo e aos factores de produção (empresas, comércios, edifícios públicos, etc.).

Acesso à plena integração da pessoa portadora de deficiência e limitações.

É por isso que hoje mais do que nunca se fala em inclusão. Tornar o cidadão portador de limitações membro de pleno direito da nossa comunidade, tornando o mundo mais acessível a estes cidadãos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Prendendo um pouco sobre... Trissiomia 21

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência


Foi no dia 14 de Outubro de 1992 que as Nações Unidas adoptaram o dia 3 de Dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, depois de ter dedicado dez anos a esta temática, promovendo a tomada de consciência e de adopção de medidas para melhorar a situação das pessoas com deficiência. Dezasseis anos já passaram e o panorama da situação actual e do futuro próximo não podia ser mais desolador, nomeadamente a nível da educação, do emprego, das prestações sociais e das barreiras físicas e de informação.
Apesar de as pessoas portadoras de deficiência em Portugal terem um dia especial, Dia Nacional do Deficiente, que se comemora a 9 de Dezembro, considero que não têm quaisquer razões para comemorar. Seria bom se todos nós olhássemos para as pessoas portadoras de deficiência por aquilo que elas são e não pela deficiência que têm. Assim, vamos ajudá-las a sentirem-se melhor neste mundo ao qual se têm de adaptar constantemente.
Deixo aqui, não apenas para ficar neste simples papel mas para reflectirmos um pouco, os direitos das crianças portadoras de deficiência, que devem ser vistas e tratadas como crianças de plenos direitos, pois acima de tudo são crianças...

Os Direitos da Criança com Deficiência
1 - Os mesmos direitos de todas as crianças, ela é acima de tudo uma criança.
2- Estabelecer uma relação com o meio envolvente: mobilidade / comunicação / aprendizagem / afectividade.
3- Ser desejada e amada.
4- Direito a brincar (experiência sensório-motora que favorece o seu desenvolvimento afectivo e social), a crianças necessita de amigos, de outras crianças que brinquem com ela.
5- Direito a participar, a crescer e a ser ela própria, e ser tão independente quanto possível.
6- Direito à recreação, ao desporto ao lazer, a participar em actividades culturais e lúdicas, ir à loja, ao cinema, à casa dos amigos.
7- Direito a ser tratada conforme as capacidades, a dar a sua opinião, a ser respeitada e ouvida e informada sobre todas as decisões que lhe dizem respeito, tendo em conta a sua idade e nível de compreensão.
8- Direito à habitação, educação no meio o menos restritivo possível em igualdade de oportunidades com as outras crianças.
9- Direito a um ambiente ajustado às suas necessidades físicas, afectivas, emocionais, sociais, educativas quer no que diz respeito a equipamentos e tecnologias de apoio, quer quanto a instalações, em termos de acessibilidade e segurança.
10- Direito à sua intimidade e privacidade e ser tratada com sensibilidade e compreensão em todas as circunstâncias.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Workshop

Realizou-se no dia 25 de Novembro. na EB2/3 Dr. Francisco Gonçalves Carneiro, um workshop subordinado ao tema: Tecnologia e Inclusão na Educação Especial
Apesar da hora e de decorrer simultaneamente em Vila Real uma manifestação de professores a adesão foi grande, o que mais uma vez veio demonstrar o interesse e empenhamento dos professores. É ainda de realçar a presença de psicólogos, auxiliares de educação educativa e de docentes e educadores que não estão directamente ligados à educação especial.
O Dr. Secundino Correia, em representação da Cnotinfor, apresentou algum do software e hardware disponível para facilitar a comunicação e a aprendizagem com crianças e jovens com NEE, sensibilizou os presentes para a utilização desses recursos como facilitadores de comunicação/integração dos utentes
Relativamente ao software destacamos “Escrita com Símbolos” que é um processador de símbolos e de palavras, grelhas de escrita e grelhas interactivas de comunicação
O Invento é uma ferramenta de edição para construir e imprimir cartazes, folhetos, livros, materiais pedagógicos, quadros de comunicação, de uma forma simples e rápida.
Inclui um sintetizador de voz em Português Europeu (Madalena) de excelente definição que permite ler tudo o que está escrito. Destina-se a ser utilizado por crianças, jovens e educadores/professores (Ensino Básico, Secundário e Educação de Adultos).
O Aventuras 2 é um Software interactivo, inclusivo e funcional desenhado para favorecer o desenvolvimento de competências de leitura e escrita. Totalmente configurável para responder às potencialidades de cada utilizador, é o programa adequado para uma iniciação à Língua Portuguesa, especialmente desenhado para uma utilização inclusiva.
Trata-se de um ambiente aberto que permite ao utilizador ir construindo um portfólio (um caderno personalizado) para trabalhar com textos, frases, palavras, sílabas, desenhos e sons que, de certa forma, é o espelho do conhecimento que o utilizador possui acerca da língua escrita.
Incorpora um sintetizador de voz em Português Europeu (Amália) de excelente definição para sinalização sonora imediata de tudo o que se escreve, o que constitui uma funcionalidade de elevado valor pedagógico.
Adequa-se a utilizadores em situações clínicas de reaprendizagem ou a pessoas com deficiência mental e dislexia, maioritariamente crianças e jovens com Necessidades Educativas Especiais.
No que se refere à exploração de periféricos de acessibilidade destacamos os ratos adaptados (roller plus – joystick, roller plus – trackerball, smart nav), os comutadores e manípulos, os auxiliares de comunicação e os switch boxes .
Agradeço a presença de todos mas duma maneira especial, desculpem os outros, os colegas que vieram de Amarante, Vila Real, Murça e Montalegre.
Quero também agradecer à Cnotinfor, pois sem a sua disponibilidade este workshop não se teria realizado.

SOU EU O DEFICIENTE?
Porque sou tetraplégico, preso a uma cadeira de rodas, chamavam-me "aleijado". Por sofrer de cegueira, fui considerado "deficiente físico". Psicótico, trataram-me como um bichode-sete-cabeças. Agora, por ter perdido um braço num acidente, cuja pancada
me deixou lesões permanentes, sou qualificado de "portador de deficiências física e mental".
Mudam os termos, mas não a cultura que ponha fim aos preconceitos que me cercam. Antes, diziam que era mongolóide; agora sofro de síndrome de Down. Era leproso; agora tenho hanseníase...
Nesta sociedade contaminada pelo síndrome de Damme e que cultiva a idolatria dos corpos - ainda que a cabeça se assemelhe à do camarão - sou confinado, léxica e socialmente, às limitações que carrego.
Se saio à rua, poucas rampas encontro, em passeios e prédios, para passar com a minha cadeira de rodas. Com frequência, há um carro estacionado no lugar a mim reservado.
Temo um novo atropelamento ao cruzar a rua, pois o tempo do semáforo e a fúria dos motoristas não respeitam a lentidão deste corpo que se apoia na bengala. Muitas vezes, na rua, dependo da solidariedade anónima para subir para o autocarro ou me poder sentar no metro. À noite, sonho com fantasmas que gritam aos meus ouvidos:
Fica em casa! A tua debilidade é o teu cárcere! Não te atrevas a imiscuir-te neste mundo de corpos esbeltos e saudáveis, sarados e curados, lindos e louros...
Não se dão conta que esta nação cultiva heróis que ousaram desafiar os limites do corpo? O Brasil não tem nenhum santo canonizado e nunca o prémio Nobel chegou a estas terras. Em compensação, chutamos a bola como ninguém; corremos na Fórmula 1 numa velocidade que nenhum outro mamífero alcança; erguemos os braços vitoriosos em campos de ténis e voleibol. Tu, nem herói nacional podes ser! Se ao menos pudesses requebrar sobre o gargalo de uma garrafa, haverias de merecer o teu minuto de fama!
Fica em casa! Não fico.
Nem aceito que as minhas limitações permaneçam estigmatizadas por expressões equívocas. Não sou um portador de deficiência. Sou um portador de inteligência, aptidões e talentos; de dignidade e de cidadania.
Por que não qualificam como deficientes visuais aqueles que usam óculos?
Sou um PODE! Portador de direitos especiais.
Todos temos direitos universais.
Tenho direito também aos especiais:
equipamentos sociais, prioridade no atendimento público, estacionar em local reservado, etc. Quero ser definido,não pela carência que atinge a minha saúde, mas pelo direito que a sociedade está obrigada a assegurar-me.
Como qualquer pessoa, preciso trabalhar. Sei que não tenho aptidão para certas tarefas, devido ao meu descontrole motor. Mas de quantas coisas sou capaz, graças à minha inteligência e cultura, habilidade e talento! Sei pintar com a boca ou com
os dedos dos pés; posso ensinar idiomas ou computação sem me erguer da cadeira; sou bom no controle de qualidade dos produtos.
O que seria de nós se Beethoven fosse discriminado como surdo e Stephen Hawking como aleijado? E se Van Gogh permanecesse internado após cortar a própria orelha? E se Lars Grael ficasse em casa lamentando a perda de uma perna?
Deficiente é quem traz, na vida, um défice com quem precisa de solidariedade: o pai que ignora o filho doente; a mãe que se envergonha da filha excepcional; o empresário que exige "boa aparência" aos seus funcionários; o poder público que não
constrói equipamentos, nem põe na cadeia quem discrimina um portador de direitos especiais.
Vontade de fazer as coisas eu tenho. Capacidade também. Sei que posso, sou um PODE. Só faltam oportunidades e quem reconheça que, antes dos direitos especiais, tenho também direitos universais.

Frei Betto Fonte: www.adital.com.br